terça-feira, 7 de dezembro de 2010

INICIAÇÕES

Existem dois tipos de iniciação, no sentido místico.
A iniciação ritual, que existe em praticamente todas as formas de culto e crença, através da qual o individuo é formalmente aceito na comunidade da filosofia na qual foi iniciado. É um rito de passagem e, como tal, tem a função de marcar o momento em que esse indivíduo sofre uma “transformação”, assumindo oficial e/ou publicamente novos conceitos, crenças e compromissos com a(s) divindade(s) correspondente(s).
Segundo Dolores Ashcroft-Nowick, em seu Manual Prático de Magia Ritual, o ritual “é um meio pelo qual o homem pode contatar energias e forças que estariam fora de sua compreensão”. Porém, os rituais também são uma sequência de ações cujo significado é tornar público um compromisso interno. É uma forma de “tornar visível” um acontecimento interior e, portanto, invisível.
Essa forma de iniciação ritual, que é uma consequência de trabalho e estudo (ou pelo menos deveria ser) e que representa o compromisso formal do individuo com as divindades, é, entre os ocultistas, chamada de iniciação menor.
O outro tipo de iniciação não é ritual e não pode ser confirmada ou refutada por ninguém, uma vez que é totalmente subjetiva. É a experiência espiritual, através da qual o individuo (ou sua essência) estabelece contato com a essência do Universo, ou seja, a Divindade, tornando-se consciente da ligação existente entre ambos. Essa consciência vai além do conceito intelectual, preenchendo todo o seu ser, em todas as suas nuances. É o conceito da imanência. É a chamada iniciação maior.
Nem sempre as duas iniciações ocorrem em um indivíduo e, quando isso acontece, quase nunca as duas acontecem simultaneamente. Às vezes, ocorre o ritual primeiro e depois a imanência; às vezes, o contrário. Pode um indivíduo ser iniciado ritualisticamente em várias tradições e não passar pela imanência, ou passar pela imanência e nunca ser iniciado em nenhuma tradição.
Particularmente, concordo que a imanência predomine sobre o ritual. Na minha opinião, somente quando ocorre a imanência é que a iniciação realmente ocorreu. Não que a iniciação ritual seja falsa, mas ela é a afirmação de uma intenção de transformação. Após a imanência, a transformação é inevitável.
Ao atingir a imanência, o indivíduo reconhece a unidade por trás da multiplicidade das tradições, religiões e credos. Conscientiza-se do Uni que existe no Verso.(Uni - um; verso - oposto). Consegue reconhecer a ligação e o valor dos rituais, seja um Sabath, um culto protestante, uma missa católica ou uma gira de candomblé. Reconhecendo as diversas manifestações da Divindade, passa a respeitar a todas essas manifestações.
Essa iniciação interior é o objetivo que deve ser buscado, sendo as iniciações rituais mecanismos para essa busca, ou um reconhecimento de sua ocorrência

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